Terminamos a montagem de um novo órgão, bem melhor que o anterior. O facto merece uma explicação:
https:/www.musorbis.com/braga-e-os-seus-orgaos-de-tubos/
Neste endereço encontram uma referência ao antigo órgão construido no final do séc. XIX por Augusto Claro, organeiro bracarense. Há 50 anos ainda toquei, em várias festividades, neste instrumento.
Antes das primeiras obras da Igreja, que terminaram em 1992, o órgão foi desmontado e resguardado para posterior restauro. Ainda em 1992 foi deslocado para o coro da Igreja esperando um orçamento para ser reparado e voltar a cumprir a sua missão.
Por infortúnio de todos os Dumienses, deu-se um incêndio na Igreja no ano seguinte ao seu restauro, ardendo todo o altar-mor e defumando tectos e paredes de todo o edifício. Este incêndio provocou uma tão elevada temperatura que derreteu os tubos, feitos de liga de estanho, chumbo e zinco do órgão, ainda por montar. Perante tão grandes estragos nada havia a fazer pois a reconstituição seria demasiado elevada.
Depois de reparada a Igreja deste incêndio, pensou-se em adquirir outro instrumento para o local onde esteve o velho órgão desde o séc. XIX. Tínhamos, porém, um problema para resolver: não podia ultrapassar as medidas do lugar a que estava destinado: 2,40 de altura e 1,90 de largura. Nessa altura, meados do séc. XX, infelizmente estavam a vender-se muitas igrejas, sobretudo Protestantes, no norte da Europa e, com elas, órgãos de todos os tamanhos e feitios. Os preços até eram acessíveis mas o tamanho não se adequava às nossas pretensões. Acabamos por encontrar um construido na fábrica Oberlinger, pertença de um padre alemão. Fomos ver e verificamos que, pela altura e largura, servia para o lugar do antigo acabando por comprá-lo.
Foi desmontado, devidamente embalado e transportado para cá sendo montado no lugar do primitivo. Depois de estreado chegamos à conclusão que a sonoridade ficava "abafada" naquele local. Ouvia-se demais no corpo da Igreja e pouco na zona da lateral da da Igreja. Decidimos experimentar o efeito no coro lateral , mais perto do altar. O sonoridade melhorou e achamos que era acertado o local.
Houve, porém, apreciadores que acharam pouca "piada" ao instrumento apelidando-o de "armário". De facto não se trata de um órgão espetacular com os tubos visíveis e, muito menos, com eles em posição de chamada, isto é, na posição em que toca um trompetista. Claro: só os órgãos ibéricos (antigos) é que têm os tubos nessa posição. Tinha, porém, uma coisa boa: um pedal que movimentava uma espécie de persianas que facilitavam aumentar e diminuir o volume.
Eu, porém, não fiquei contente com o descontentamento de alguns Dumienses e, por iniciativa concertada com o Sr. Cón. Hermenegildo e à minha custa, procurei um instrumento que mostrasse bem que a Igreja de Dume tem um órgão de tubos. Aí está ele. Entretanto, alguém há-de querer adquirir o anterior e serei ressarcido do investimento realizado sem qualquer contrapartida.
Dume tem, então, o terceiro órgão de tubos em três séculos: XIX, XX, e XXI (130 anos). Só desejo que Deus seja louvado pelas melodias e acordes produzidos pelas largas centenas de tubos, da fachada e do interior, e que surjam jovens e adultos apaixonados pela Música Litúrgica para que não morra a tradição de bem cantar e melhor tocar nesta freguesia de longa e rica história.
Prof. Costa Gomes
03/07/2021
EIS A FACHADA DO ÓRGÂO